Não vai assim tão longe o tempo em que duas crianças com onze anos foram deixadas a estudar em Leiria, donde só podiam voltar a ver os pais nas férias do Natal e da Páscoa ou nas férias grandes. Algumas vezes tinham que fazer a pé ou de bicicleta os vinte quilómetros que os separavam porque não havia qualquer transporte público. Havia uma carroça (charrete) que conjugada com a disponibilidade de quem a conduzia funcionava como alternativa. Estou a falar de Espite nos anos quarenta, onde o isolamento era tão grande que só um cérebro muito clarividente poderia arriscar-se a colocar dois filhos a estudar num lugar tão "afastado"com pagamento de hospedagem e propinas, quando as fontes financiadoras eram só as do seu trabalho. Outra alternativa, também utilizada algumas vezes, só algumas porque o dinheiro não abundava, correspondia a tomar em Leiria a carreira de Coimbra até Pombal e aqui tomar o comboio até Albergaria dos Doze e depois percorrer a pé cerca de cinco quilómetros até casa.
Não podia deixar de me lembrar deste isolamento quando hoje, cerca de sessenta anos depois, abro a internet e verifico que na pesquisa "Espite" o computador mostra-me 261000 textos em que esta palavra aparece. Hoje as avenidas de Lisboa ou de Nova York, são apenas veredas comparadas com as avenidas da internet. Só por isto direi que é altura de dizermos aos políticos que a macrocefalia de Lisboa já foi chão que deu uvas.

Não podia deixar de me lembrar deste isolamento quando hoje, cerca de sessenta anos depois, abro a internet e verifico que na pesquisa "Espite" o computador mostra-me 261000 textos em que esta palavra aparece. Hoje as avenidas de Lisboa ou de Nova York, são apenas veredas comparadas com as avenidas da internet. Só por isto direi que é altura de dizermos aos políticos que a macrocefalia de Lisboa já foi chão que deu uvas.