CORDA QUE PRENDE BARCOS NÃO CONSEGUE SEGURAR LEITÕES

A tia Rata debatia-se com a teimosia do leitão em não querer ir para a feira. A preguiça de voltar atrás uns cinquenta metros para ir buscar a casa um cordel com que poderia prender o animal e, mais facilmente, conduzi-lo à feira, fê-la apelar à amizade do vizinho que não era lá muito dado a emprestar os seus pertences da lavoura:
Ó compadre empreste-me aí um cordel para segurar este leitãozito que vou levar à feira.
A comadre não tinha em casa nada que servisse?
Tinha, mas esqueci-me de trazer.
Vou mandar trazer alguma coisa que talvez lhe sirva, mas olhe que é uma vez sem exemplo.
Ó Emília, … ó Emília traz-me aquilo que ontem te mandei guardar atrás da arca do milho.
Um ou dois minutos depois chega a Emília que transportava a custo um pedaço de corda grossa de prender barcos que o marido trouxera de Lisboa para utilizar no reboque de carros de bois.
Dá-a ali à comadre, disse o marido.
A tia Rata esbugalha os olhos de espanto e de raiva, vira costas e foi a casa buscar um cordel.